Guest Post – The Garden of Words

Falar de Makoto Shinkai é falar não só de perfeição na realização estética de seus filmes, mas também de roteiros de temas simples, mas muito profundos, que tornam os filmes mais do que uma mera brecha visual. Como sua obra prima muito reconhecida, 5 Centimeters Per Second, o filme The Garden of Words nos mostra de uma forma bonita e realista o afeto e crescimento pessoal que parte da relação dos personagens. Diferente de um simples romance, conseguimos enxergar veracidade e refletimos em cima de histórias que vemos no nosso dia-a-dia, onde antes não parecia haver beleza e arte.

O filme traz a história da relação de Takao, um estudante que sonha em ser um sapateiro, com uma mulher misteriosa que ele encontra em todos os dias chuvosos. Em seus 45 minutos de duração, foca no desenvolvimento pessoal que os personagens têm ao se relacionarem, mostrando isso de forma madura, não chegando ao extremo da dramaticidade ou do clichê. Neste filme, Makoto é mais sucinto em relação às motivações e passado dos personagens, preferindo mostrar o presente.

A profundidade dos relacionamentos que Makoto Shinkai cria em seus filmes é acompanhada de um visual que apoia o filme e torna assisti-lo uma experiência artística. Nesse filme, o diretor usa um pouco menos uma das suas marcas registradas, que são os magníficos “céus”, e explora mais os cenários das cidades e dos arranha-céus. A chuva, presente como elemento essencial no filme, simboliza a mudança e a renovação. O verde e a beleza do parque cria um cenário de distanciamento da realidade, contrastando com a paisagem urbana mais acinzentada. Também não se pode esquecer da trilha sonora, que acompanha perfeitamente o desenrolar do filme.

Talvez se estiver esperando a emoção e drama de 5 Centimeters, você não vá ver isso, visto que The Garden of Words é um pouco mais adulto na sua tematização, mostrando personagens mais maduros e tendo uma história mais restringida ao presente do filme, diferente de outros filmes do diretor, que se prendem muito ao passado dos protagonistas para o desenvolvimento das histórias. Mas isso não tira o mérito, e o filme é primoroso na sua construção estética relacionada ao roteiro.