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Shin Shunkaden: uma mulher de valor

Shin Shunkaden

 

Mulheres de valor são aquelas com o coração forte!

Confesso a vocês que não sou muito fã de séries longas. Não é nada demais, só preguiça mesmo. Meus mangás, em maioria, são histórias em até três volumes ou one-shots. São perfeitos para alguém que só quer se distrair com estórias rápidas e sem muita complexidade. Mas o que isso tem a ver com o tema do post de hoje? É simples. O texto que vocês leem se refere a uma das minhas histórias preferidas e que foi lançada recentemente no Brasil pela NewPop: Shin Shunkaden! Baseado em uma antiga lenda da Coreia (local onde o mangá se passa), Shin Shunkaden é mais uma one-shot da CLAMP e que retrata a jornada de Chun Hyang, uma garota de 13 anos que possui muita coragem e um forte senso de justiça. E como já é de praxe! Há Spoilers! \õ/

“Há muito tempo… havia uma garota muito bonita chamada Chun Hyang. Ela se apaixonou pela primeira vez por um Yangbang (nobre) chamado Mong Ryong, superando a diferença social e tendo seu amor correspondido. Mesmo ficando separados, mesmo que outros se declarassem a ela e ela fosse presa por rejeitá-los, Chun Hyang continuava a amar somente Mong Ryong… essa é uma antiga história de amor contada na Coreia. Chun Hyang é considerada uma mulher fiel e ainda hoje, é admirada pelas pessoas […]”.

A primeira vez que me interessei por Shin Shunkaden foi ao ver CLAMP in Wonderland. Na primeira versão do vídeo musical, o mangá tem um bom destaque entre várias outras obras famosas do grupo, como Tokyo Balylon e Guerreiras Mágicas de Rayearth. Parecia ser uma história legal e logo a adicionei na minha lista de futuras leituras. E não é que dei sorte e em fevereiro a NewPop publicou o mangá em uma excelente edição, devo dizer. O mangá é dividido em três partes, sendo duas histórias principais e um extra que conta um pouco da infância de Chun Hyang.

shunkaden_014 No mundo mágico em que a nossa heroína vive, a Coreia possui outro nome: Koryo e é dividida em 321 distritos governados por um Yangbang nomeado pelo Governo Central. Os Yangbangs são a autoridade máxima de cada localidade e possui o direito de governar por 10 anos. Contrariá-los gera uma punição terrível. No entanto, para evitar quaisquer problemas gerados por eles e manter a ordem no país, o Governo de Koryo possui uma categoria acima destes, os Amhaeng Eosa. Eles possuem poder para julgar e condenar qualquer Yangbang que tente se aproveitar do poder que lhes é concedido.

 Nossa história começa na cidade de Ryonfi, que é governada por um Yangbang perverso e que amedrontava a população com impostos altíssimos e severos castigos para quem que o contestasse. Lá, Chun Hyang morava somente com sua mãe Myeong Hwa, a Shimbang (shaman coreana) mais famosa do reino, e seguia com uma vida agitada, especialmente ao provocar e dar lições no filho do Yangbang que se aproveitava do poder que o pai possuía.

Certo dia, após espantá-lo do mercado junto com seus seguidores, a garota volta para casa e acaba conhecendo um charmoso rapaz chamado Mong Ryong. Ele explica que é um viajante e que parou para conhecer Myeong Hwa. Porém, logo a conversa é interrompida pela invasão do Yangbang (que sente atração por Myeong), seu filho e vários guardas. Chung Hyang assusta-os com uma demonstração de artes marcias, mas eles não desistem e o Yangbang decide realizar o sequestro de Myeong Hwa, influenciado por seu filho. Ao descobrirem o que ocorreu, Mong Ryong e Chun Hyang, que estavam fazendo um pequeno passeio (já que o moço decidira ficar na cidade, para o azar da garota!), vão até o palácio do nobre, contudo é tarde demais: para conter qualquer tentativa de abuso por parte do Yangbang e evitar que os cidadãos da cidade sofram, Myeong Hwa tira a própria vida. E então, uma grande surpresa acontece: Mong Ryong se revela um Amhaeng Eosa e determina o fim da administração cruel do Yangbang. Sozinha no mundo (já que no mangá é citado que o pai da garota morrera), Chung Hyang parte com Mong Ryong em sua viagem pelo reino de Koryo. shunkaden_030

Shin Shunkaden tem uma narrativa interessante: baseada na antiga lenda citada acima, a CLAMP criou uma nova história dentro do seu universo fantástico, incorporando elementos contemporâneos para expressar a força e o valor de uma mulher. Ora, não é preciso aprofundar nenhum estudo para sabermos que as mulheres possuem um papel de submissão numa sociedade patriarcal, especialmente no Oriente, onde a figura do homem parece ter muito mais peso. A própria lenda verdadeira afirma que Chun Hyang foi presa e condenada a morte por rejeitar outro pretendente. Em um mundo onde o poder do “macho” está sobre qualquer vontade feminina, qualquer manifestação contra este poder é encarado como blasfêmia.

Além disso, o mangá é propositalmente o avesso do seu conto original: aqui o protagonista (uma mulher) realiza toda a ação principal, recusando a opressão política imposta por qualquer um que tente se aproveitar da população. Demonstrando toda a coragem, perseverança e honra de uma mulher que luta pelo que acredita, sem se deixar afligir pelas adversidades encontradas pelo caminho da vida. Shin Shunkaden é uma história coragem e não é por menos que o enredo gire em torno de mulheres que possuem justamente este valor. Inclusive o segundo capítulo, Sue-Ro, se aprofunda mais neste aspecto. Não entrarei em detalhes sobre ele, pois aí ultrapassaria o número de spoilers para um único texto!

Continuando, aqui o homem se torna o co-protagonista e está ali apenas para cumprir o papel da autoridade, sem se envolver profundamente nas lutas. Além disso, Mong Ryong possui um papel mais importante: é ele (e a sua relação com Chun Hyang) que acarreta todo o caráter cômico da trama, tentando seduzir Chun Hyang com cantadas nada discretas ou sempre reclamando de estar com fome, por mais que tenha comido muito há pouco tempo. Não tenho muito a dizer sobre o romance em si, pois ele é demasiado infantil – o que é perfeito para uma estória na qual a protagonista não tem nem 15 anos.

shunkaden_095É uma pena que Shin Shunkaden não tinha um final definido. Sim, nem tudo são flores. A cada dia que passa, convenço-me mais de que as melhores obras da CLAMP são as que marcam o início da carreira delas, entre o final da década de 80 e o início da década 90. Para comprovar isto, basta comparar seus antigos mangás com os novos: enredos ótimos e bem amarradinhos, desenvolvidos com cuidado e personagens muito mais interessantes. Não que elas ainda não façam uma boa história, mas me parece que as primeiras serão sempre mais interessantes que as atuais. Bem, acho que vale a pena conhecer Shin Shunkaden pela história, pelos personagens incrivelmente carismáticos e pela forma como a CLAMP aborda o sexo feminino e discute os valores que uma mulher tem ou deveria ter. Espero que ele volte a ser publicado porque a história tem um potencial enorme para o sucesso!

Positivo: personagens carismáticos, traço bem caprichado, discussão sobre valores femininos.

Negativo: mangá inacabado.

Informações:mangsuikaden

Shunkaden – A nova lenda de Chun Hyang. Série completa com apenas 1 volume. Formato 12,7 x 18,9 cm em papel off-set 90.  225 páginas. R$14,90. Editora: NewPop.

3 comentários em “Shin Shunkaden: uma mulher de valor

  1. Concordo com o fato de que as histórias mais antigas da CLAMP, como Clover, X, RG Veda, serão sempre melhores do que as atuais, tanto no traço (hoje bem mais simplificado), quanto no enredo. A CLAMP hoje tenta agradar equilibradamente tanto o público masculino quanto o feminino, coisa que no passado não era tão evidente, talvez a falta dessa evidência e o não-foco em um público misto é onde mora a beleza das histórias antigas.

    • Obrigada por comentar! =D

      Concordo contigo e digo além: existe uma essência nas obras antigas da CLAMP que não consigo visualizar nas atuais. Até tive uma discussão sobre isso no twitter com duas amigas minhas e uma delas se colocou bem quando disse que “os mangás da CLAMP não são mais como antigamente”. RG Veda é meu mangá favorito delas e toda vez que o leio me pergunto porque elas não conseguem mais fazer uma história tão boa e bem estruturada como esta. Pelo menos em Blood-C deu pra perceber toda a falta de coordenação em amarrar o roteiro e desenvolvê-lo com eficácia, resultando em diversos erros e apelação para o fanservice. =/

  2. Sabe, td obra tem seu momento; Td obra tem sua forma. CLAMP é um grupo que Cria a cada geração, novos traços novos designs, novos tipos de narrar, e novas formas de MOSTRAR o mundo q elas criaram. RG Veda é incrivel, e n quero uma copia dele. xxxholic e tsubasa é espetacular, kobato é lindo, e gate 7 promete mt. Td obra da clamp tem caracterisitcas diferentes e ainda da pra ver Q É CLAMP. Blood-C, foi uma outra forma de mundo que clamp mostrou, e mesmo n tendo acertado em td, em tds animes que ja assisti, Blood-c foi o mais TROLL ever.

    Uns pintam aquarela, outros tina oleo, outros grafitam, outros pincham, alguns usam acrilicos outros usam lapis de cor. Isso pra mim s faz a clamp ficar mais rica por ter diversidade sem desfoque.

    Entretanto as tias estão paradas, e estou sim com receio de suas proximas obras. Elas estão lentas, e elas precisam terminar “X”. Bem, é o que eu acho,,, abç

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