Drogas, máfia, guerra e mendigos MAS…
Este mangá é um yaoi. Postagem especial do Yaoi Day, e ninguém escapara do arco-íris.
Continuou lendo? Que azar. Ok, vamos juntos nessa. Esse texto deve ficar uma merda, mas eu acredito que possa servir de algo e gerar uma boa discussão.
Com certa razão, yaoi não é um gênero bem falado. A elite top na balada não costuma dar folga as histórias açucaradas feitas por mulheres para mulheres sobre gays (como é feito com quase todos os gêneros, quase, afinal josei e seinen ganham lugar na fila, não neguem). Uma série de fatores (revistas centenais, o público ou falta dele, o fato de ser o nicho do nicho ou o conteudo duvidoso sexual duvidoso) faz o gênero ser desvalorizado, fazendo muitas vezes as próprias fujoshis gordas ou magras acreditarem que nunca acharam o segredo do universo ou razão da humanidade existir nos seus mangás homos, como acontece em todos os outros gêneros. Ler pelo romance também não pode, porque um casal homo se beijar em shounen ai é fanservise e você tem que ver a mesma cena exata num shoujo pra considerar romance corretamente. Afinal, foi uma mulher que escreveu. Não pode ter protagonista masculino, porque a mulher vai ter uma visão idealizada disso. Tão me entendendo? Não? Normal, em parte é tudo verdade, mas e a outra parte?
Vamos agora falar do mangâ em pauta. Acid Town, como o titulo já revela, se passa numa metropole moderna, num ambiente pesimista, em que alem do problema com a criminalidade (organizada ou não) a chance de uma “guerra” assombra a população. Nessa bagunça, Yukio, um adolescente de personalidade jovial, com jeito até mais maduro que o típico da idade, trabalha para a máfia afim de pagar o hospital de seu irmão mais novo. Emprego que felizmente não é tão ruim já que seu chefe lhe dá trabalhos leves como vender drogas mais caras . Com o isso, o menino vivia uma vida até feliz numa família de 5 (fora ele e seu irmão, ainda havia outro rapaz que o ajudava nos serviços e sua “imotou tsurede” vivendo com um coroa simpático). Pra história andar, a boa vida acaba quando o passado volta para assombrá-lo.
Aqui começam os spoilers, leiam por conta de risco. Pros que não vão ler pelo gênero, você chegou até aqui, pra que parar?
Bem, você deve ter percebido pela sinopse que a série não é um yaoi tão escancarada. Uma pessoa mais ingenua demoraria para perceber o gênero do mangá uns 4 capítulos. Como romance, o mangá lembra bastante Bitter Virgin. Quem leu (e quem não leu, tente, apesar de seus pontos fracos) sabe que o mesmo só começa quando protagonista escuta a declaração na igreja: a menina que era quieta e não falava muito na verdade foi SPOILER estrupada pelo padrasto, abortou o primeiro filho e deu embora o segundo . Em Acid Town é mais ou menos assim, só não se limitando apenas ao estrupo.FIM DO SPOILER A cena da igreja no caso, é a saída de Yukio com seu amigo Tetsuo de uma loja. Também nessa cena cena temos uma indicação dos sentimentos (platonicos, fazer o que :v) de Tetsuo pouco antes do mesmo ver um bebâdo na rua. Yukio sai da loja e vê o mesmo homem, tendo uma reação de medo.
Se em Bitter Virgin tinhamos o impacto da declaração vindo para cima de nós de surpresa, no caso de Acid, temos um clima inicialmente pesimista que vai ficando cada vez mais pesado. É um suspense, não que te faça querer adivinhar o que aconteceu ou o que vai acontecer, mas sim te deixar em estado de semi-masoquismo e tensão. Você sabe que tem bomba ai no meio, pronta para explodir, mas você continiua em frente. Pior que isso é que não é uma bomba, é um gás venenoso, te sufocando lentamente, dentro da sala que é este mangá que você esta preso.
O pessoal mais acostumado a ler yaoi deve saber, estrupo não é melhor tema abordado no gênero. Pelo menos não do jeito que você possa levar a sério devido ao fetichismo. Estrupo é estrupo. Não existe extrupo concentido, e tenho certeza que ninguém gosta de ser forçado a algo que não quer por medo. Pode-se ver a vontade da autora em abordar o tema evitando apelação para esse sentido e te botar na situação do casal principal.
A visão da situação dos dois protagonistas é sempre alterada, tanto para trabalhar bem ambos quanto para autora te colocar dentro das duas situações: a impontecia de Tetsuo de poder proteger e quem lhe é importante e a insegurança de Yukio quanto ao que fazer. E não, Yukio não é um coitado. Ele não só tentou matar seu agressor, ele parou no caminho, não por medo, mas por orgulho. Ele foi burro? Descubra quando ler.
Uma série de outros problemas e subtramas envolvem o mangá, é aquele “cada um com uma praga na vida” afinal, o titulo é a “cidade de ácido”. Interessente é que isso costuma vir acompanha de uma frase como “isso é uma história comum”. Talvez isso não se aplique tanto a realiade japonesa, mas em outras metrópoles pelo mundo?
Um destaque é interessão entre as máfias, mas não é como se o mangá se vende-se com isso.Máfia é um tema seja lá porque é popular com a mulheres. A história aborda a violencia nas cidades em geral, então ela apenas aproveitou a chance. Em certo a história muda de foco para um personagem da máfia, inclusive.
Quanto ao resto: a naração lembra uma mistura de shounem com josei. Pode-se perceber a falta de quadros com cenáris e usos das faiscas até, mesmo que seja pouco. O traço é algo limpo, simples e agrádavel aos olhos, ainda que pudesse ter mais refinamento. O design do personagens acompanha o clima do mangá e tenta faze-los ter uma aparencia crível (apesar de não deixarem de serem bonitos, na minha opinião :p). Não tem os exageros dos cabelos coloridos, mãos maiores que a cara e olhos ocupando metade da cara num corpo de palito (se bem que os olhos dos personagem parecem duas bolas de vidro as vezes). Quanto ao que faz o yaoi ser posto neste gênero, reafirmo: não é um mangá apelativo pra esse sentido, graficamente não é nada de mais. Um R-14 eu diria, se fosse uma relação hétero normal. Vale lembrar que o casal principal deu apenas um beijo até agora, de uma maneira meio “inesperada”.
A autora Kyuugou provavelmente não vai sair do ramo dos yaois (apesar dela ter tentado fazer shoujo,só tentou) apesar de ser uma novata com vida longa pela frente. Dos títulos que podemos destacar da autora, Sora o Daite Oyasumi e You, me, etc. O segundo com um volume é seu titulo mais popular, o primeiro já cheguei a ler. Só aviso que é bem mais pesado gráficamente que Acid Town, mas que fiquei assusta quando descobri o porquê do nome (que pode ser traduzido como “abrace o céu e durma” em português, soa bonito mas é macabro). Nem me arrisco a opinar, leia você se tiver coragem.
O que eu posso ressaltar nos problemas do mangá é que ele pode soar um dramalhão para alguns, principalmente para os que não “compraram” a história do mesmo (só não tanto quanto Bitter Virgin, perdão). A autoura peca um pouco nesse sentido e se leva pela empolgação e isso pode desagradar os menos românticos.
Então, Acid Town é uma boa pedida para começar no gênero? Se não quer ler yaoi por achar algo apelativo, sim. Se tu não lê porque não quer ver a relação homoafetiva… nunca leia nada. Então, o gênero yaoi tem salvação? Falei bem de mangá de merda? Meus pais e amigos descobriram esse texto? Descubra no Terror dos Comentários! Apreciem meu wallpaper enquanto aproveito minha vida social.
OBS: Este post é da Jessi, nova redatora do blog que ainda não tem seus poderes de redatora ainda, grato.
Amo Acid Town e achei seu post maravilhoso! Abordou varios problemas contidos no manga e, ca entre nos, Kyuugo sensei e mestra em dar nos nas nossas cabecas, assim como em Sora wo Daite Oyasumi!
Acredita que tava procurando essa serie pra ler esses dias, não sei quem havia me recomendado mas me interessou bastante e agora com seu post, só me interessou mais! Concordo com o “vamos parar com os açucares colegiais e nem de lemon se faz um yaoi” alias, anda me irritando o fato de certas fujoshis tratarem do yaoi como pornô (creio ter desabafado disso muito hoje)…Feliz dia do Yaoi, e que venham muitos pra nós comemorarmos.
Onde eu leio esse mangá? quero mto! *u*