Love letter from nani ka ga?
13 episódios (completinho)
Estúdio: TYO Animations
Gênero: Romance / Histórico / Paródia
Nota: 09/10
Chouyaku Hyakunin Isshu: Uta Koi é o tipo de anime que já é dropado no título, pois além de ser longo, não tem nenhuma palavra como ‘imouto‘ ‘oniichan‘ ou ‘kawaii‘ pra incentivar. Se superar o título, dropa na sinopse, pois a história de uma coleção de poemas japoneses dos séculos 7 a 13 não é exatamente um tópico popular. E se encarar a sinopse, ainda tem grandes chances de dropar pelo traço.
O problema é que esse conjunto passa a impressão de um anime “chato”, introspectivo e histórico que só vai interessar a dois ou três hipsters. Bem, mesmo se ele fosse, eu ainda assistiria, mas o caso é que… ele não é. Se duvidar, é um dos animes mais despretensiosos da temporada de julho de 2012. Na verdade, quem foi assistir esperando o anime josei histórico serious business viu-se enganado já na abertura pelo som pop do ecosystem.
Chouyaku Hyakunin Isshu – Uta Koi OP
E são a abertura e o encerramento que passam uma impressão mais fiel da realidade dessa obra. Estamos falando de eventos e personagens históricos sim, mas o termo ‘interpretação super liberal’ da sinopse não deve ser ignorado. A narrativa é leve e bem-humorada, embora momentos melancólicos não sejam raros; a maioria das histórias trata de amores impossíveis, não-correspondidos, interrompidos… mas alguns dão certo, pra variar.
O anime é competente o bastante para desenvolver personagens carismáticos e sólidos em menos de 20 minutos. Isso é importante porque cada episódio traz em destaque um ou dois poetas, embora protagonistas de um episódio se tornem figurantes em outros. Afinal, todos estão vivendo na rígida e enfadonha corte japonesa, onde a arte da poesia se mostra alento para uma existência tediosa.
O apresentador e criador real da coletânea de poemas é o sossegado Fujiwara no Teika, que em cada início de episódio dá uma visão geral do período e personagens envolvidos… da forma mais lombrada possível.
Vale ressaltar o impagável episódio 6, que serve de transição de um período histórico ao outro e parodia desde corridas de Fórmula 1, programas de auditório e host clubs até campeonatos de cardgames. É estranho, mas quando você descobre que o diretor Kasai Kenichi já foi responsável por episódios de Yu-gi-oh, TUDO FAZ MAIS SENTIDO. Outros trabalhos dele incluem Bakuman e Honey & Clover, só pra constar.
É engraçado dizer isso, mas Uta Koi serve muito bem para uma diversão leve no fim do dia, e pra quem gosta de romance, certamente é altamente recomendável. Mais engraçado ainda é pensar que o outro josei da temporada, Natsuyuki Rendezvous, tem 100% mais clima de anime hipster e introspectivo que Uta Koi!
Não tem maneira mais suave de aprender um pouco sobre história japonesa do que assistindo esse anime. Outro detalhe interessante é que essa coletânea de poesias serviu mesmo de base para o jogo Karuta mostrado em Chihayafuru, então quem viu Chihaya também pode gostar de Uta Koi.
A parte visual é bem particular, não apenas pelos contornos dos personagens, mas também pela representação de elementos como nuvens e árvores, a movimentação das texturas dos kimonos e outros pequenos detalhes. É um conjunto harmonioso que combina com a proposta do anime e cria um resultado único. Vale destacar também Mitsuda Yasunori, nada menos que o compositor musical de Chrono Trigger e Chrono Cross, que fez um ótimo trabalho na trilha sonora.
Recomendo também as resenhas episódicas feitas pelo Dollars Fansub, que legendou o anime em pt-BR na temporada passada.
E é isso, vejam aí que vale a pena.
Bom artigo, Ana. Eu só fiquei um pouco na dúvida quanto ao nível de “cult” que você quis dar para o anime. Pelo que eu li é um anime com uma proposta bastante específica e voltada para a cultura japonesa. Porém, no fim das contas, ele acaba virando uma comédia divertida e materializada dentro do antigo contexto histórico japonês.
Ai é que está minha dúvida: esse humor puxa para um lado mais Jinrui da força, buscando algo bobo, mas que ao mesmo tempo te faz pensar, ou é algo realmente sem pretensão NENHUMA? Pelas imagens dá pra ver que é um humor bem chamativo, mas, sem eu ter assistido a obra, não dá para descartar uma ideia mais deep, não é? Até pela própria sinopse…
Oie Kage :3
Então, sim, o humor é sem pretensão NENHUMA, esculachado mesmo. O que dá pra tirar de mais ‘deep’ são os problemas românticos que os casais passaram, principalmente relacionados às diferenças de casta e hierarquia que dividiam os casais e tal.
Não falei muito disso porque a ideia do artigo era focar mais no aspecto cômico, pois é algo que surpreende quem espera um anime sério por causa da premissa.
Obrigado pelo comentário