EPISÓDIO 11: O DISTANTE TROVÃO NO INVERNO
Don’t You Forget About Me?
Remando na escuridão.
Conspirações, conspirações por todos os lados! Primeiramente, devo me retratar com a turminha por ter comentado que eles não tavam nem aí quando a Reika sumiu da escola no começo do anime. Lembram dela?
Pois é, só a gente lembra…

a lerdinha
No episódio 11, somos apresentados a mais um dos mecanismos de defesa e contenção utilizados pela sociedade, a manipulação da memória. Algum tempo depois dos trágicos eventos do episódio anterior, mais precisamente no inverno, encontramos nosso grupo vivendo um dia normal na escola: Saki, Satoru, Maria, Mamoru e… Ryou Bakura?
Eventualmente Saki chega a conclusão de que sua memória está confusa, auxiliada pelos estranhos sonhos que, além de fazê-la acreditar na existência desse garoto esquecido, trazem pistas de mais esqueletos no armário e mistérios enterrados há muito tempo. Não apenas Shun e Reika, um sexto elemento também teria sido condenado ao esquecimento, deixando como única prova de sua existência um velho espelho encantado com Cantus. Yoshimi?
“Você tem que deixar seus olhos se acostumarem com a escuridão. Caso contrário, não poderá enxergar por algum tempo.”
Essa é a lição sobre remo noturno usada por Saki para confirmar que Ryou não era o garoto que a acompanhara durante o acampamento e por quem estava apaixonada, rejeitando assim a falsa memória. Considerando o contexto, o conteúdo da lição de Shun não deixa de ser interessante. Da mesma forma que ela, Satoru tinha motivos para se sentir incomodado com Ryou, pois ambos tinham fortes sentimentos pelo garoto que virou um demônio do karma e por isso conseguiram perceber que algo estava errado.
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Agora, comentários gerais. A narrativa do episódio voltou ao padrão normal, saindo do modelo dos episódios específicos dirigidos por Yamauchi Shigeyasu. A grande quantidade de diálogos não foi problemática, pelo contrário; o clima de conspiração e vigilância foi muito bem orquestrado com eles, tendo a música, a interpretação dos dubladores e a direção trabalhando em harmonia. Destaque para a cena em que eles visitam o local onde deveria estar a vila de Shun, só encontrando ruínas e um grande lago no lugar da casa do garoto.
O ritmo formado entre o diálogo tenso em que as crianças questionam as próprias memórias e as luzes do céu desaparecendo naquele ambiente inóspito provocou um ótimo efeito de suspense e transmitiu a incerteza que as crianças estavam passando. Não esqueçamos que esse grupo foi criado ‘a leite com pêra’ em uma sociedade obediente e passiva/pacífica, onde questionar o mínimo que seja é tabu sério. E apesar dos momentos de calmaria, os vespeiros onde eles estão se metendo só pioram.
Outro ponto positivo foi o tratamento dos sentimentos dos personagens. Eles cresceram de um jeito tão discreto que, depois de 10 semanas, somos capazes de rir e chorar com eles e maneira natural. Se não fosse assim, a despedida de Saki e Shun não teria sido tão impactante. Em pequenas frases e ações eles mostram suas personalidades bem construídas, e o episódio foi feliz em reservar um tempo para mostrar como cada um deles reage às conspirações e dúvidas.
Muitas vezes, apenas saber que algo está errado não é suficiente para agir, o que é demonstrado pela personalidade de Mamoru. O coitado parece o bode expiatório da turma, mas representa a passividade com que as pessoas são criadas e a covardia com que lidam com as adversidades. Irritantemente humano e, porque não dizer, um tanto semelhante ao caráter de Squealer. Até agora ele tem se mostrado inofensivo, mas também é propenso a uma traição. Aliás, só ele não foi chamado para a casa de Tomiko, que convocou as crianças depois de ele ter ido embora sozinho… coincidência? Só especulando.
Por fim, a cena do abraço entre Saki, Maria e Satoru foi bonita e aliviante para um episódio consideravelmente denso, mas também melancólica o sufiente para servir de prenúncio trágico. Na verdade, o beijo entre as garotas e o abraço coletivo fez todo o sentido considerando a relação entre o comportamento de aliviar a tensão através de contato intímo e a pressão enorme pela qual eles estão passando. Nessa cena também Saki é definitivamente colocada como o centro de coragem e garra do grupo, fato admitido pelos próprios personagens e algo que vem sendo construído desde o começo da série. É assim que um protagonista deve ser, não?
Outra coisa, os casais homo sumiram da escola e agora todos estão se arrumando em parzinhos hetero, formados através da tal ‘dupla de trabalho’ exigida pela escola. É quase um ritual de encontro de parceiro, que também deve fazer parte dos mecanismos de controle. Afinal, a sociedade precisa ser organizada e dar oportunidade para os humanos se reproduzirem. Só especulando novamente!
E os truques visuais de Shin Sekai continuam mostrando o cuidado com a produção e a contextualização de cada cena. Um exemplo nessa tomada em que Saki conversa com Ryou e seu reflexo aparece embaçado, representando seu estado mental naquele momento:
E é isso, o episódio foi simples, mas deu pra tirar bastante coisa dele. Até a muito esperada próxima semana!
E esse preview… ah, esse preview!!!
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