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Ga-Rei Zero – Uma história sobre youkais, ou não

“Você mataria alguém que ama por amor?”

Os que conhecem a série provavelmente já estão cansados de ouvir a frase inicial desta review. Entretanto, não há palavras mais adequadas para definir tal obra. Se a situação pedisse, você seguiria a razão ou a emoção? O que você faria caso a pessoa mais importante para você cometesse um pecado irreversível, cuja a morte fosse a única saída? Se a pessoa que você ama não fosse capaz de aliviar a própria dor, você o faria com suas próprias mãos? Você realmente mataria alguém que ama por amor? É com esse dilema que Ga-Rei-Zero inicia sua narrativa.

Sob a direção de Aoki Eri (Fate/Zero 2nd, Kara no Kyoukai, Hourou Musuko), script de Takayama Katsuhiko (ef, FullMetal Alchemist, Koi to Senkyou to Chocolate), character design de Horiuchi Osamu (Full Metal Panic!, Hayate no Gotoku!, Last Exile) e uma excelente adaptação da parceria entre os estúdios AIC Spirits e Asread, Ga-Rei-Zero ganha vida como uma das melhores estreias da temporada de outono de 2008, e talvez o melhor show de ação dessa temporada.

Ga-Rei-Zero é um anime de 12 episódios que narra acontecimentos anteriores ao famoso mangá de ação e sobrenatural Ga-Rei (que foi trazido ao Brasil pela editora JBC). Kagura Tsuchimiya e Yomi Isayama são duas garotas que, por obra do destino, passaram a viver juntas e se tornaram irmãs. A história tem como plano de fundo uma realidade alternativa onde pessoas capacitadas se unem a uma organização para exterminar seres sobrenaturais que causam o pânico entre a população.

A história do anime não é original, e parece um tanto genérica, mas o seu desenvolvimento é admirável. A narrativa não segue a ordem cronológica, mas não é impossível de entender. Logo no terceiro episódio podemos perceber claramente que os fatos do primeiro e do segundo são apenas uma prévia do que iria acontecer no final. Sim, os dois primeiros episódios foram spoilers, e os episódios seguintes apenas detalham os fatos que levaram aquela tragédia, mostrando a infância das duas protagonistas. Mas o que tem de errado nisso? Uma narrativa confusa de início pode até gerar uma sensação de esclarecimento quando chega ao final (vide Baccano!).

O problema é que nos episódios posteriores ao segundo, vemos uma Isayama Yomi carismática e feliz, diferente da que vimos nos primeiros episódios. Mas o que levou aquela garota carismática a cometer aquele ato de crueldade mostrado no primeiro episódio? E o pior de tudo é que somos conquistados pela futura assassina. Inclusive pensamos que no final, tudo o que foi construído durante o anime será destruído. A amizade entre as duas garotas acabará, e uma delas virará um monstro. Me lembro que fiquei receio de chegar ao final, não queria ver o clima do anime mudar, mas estava extremamente curiosa para saber como aquilo aconteceu.

Que o desenvolvimento das protagonistas é a melhor parte do anime, ninguém pode negar. Kagura se torna mais gentil e passa a se abrir com as outras pessoas, diferente da Kagura do terceiro episódio, que procurava não demonstrar sentimentos ou afeto por alguém. Yomi vai se tornando fria e passa a se importar menos com as pessoas que a rodeiam. O mundo passa a conspirar contra ela, e a única pessoa com quem pode contar é a sua irmã, mesmo temendo machucá-la.

Mesmo assim, esse anime não possui um bom elenco de personagens. Se tomarmos como exceção as duas irmãs, as outras personagens servem apenas para influenciar na mudança de personalidade das mesmas. Metade das personagens estão ali para serem mortas por Yomi, e a outra metade serve unicamente para infernizar a vida dela. Claro, tem algumas personagens que servem para infernizar a vida da Kagura, mas não são a maioria. Enfim, o elenco se resume a Kagura e Yomi, portanto se não se simpatizar com nenhuma das duas, a possibilidade de não gostar da série aumentará.

Os gráficos desse anime são muito bons, e as lutas são muito bem feitas. Temos lutas com armas, mano a mano, monstros arrancando cabeças, membros voando por todos os cantos, duelo de espadas, e até uma cadeira de rodas motorizada! Ga-Rei-Zero não deixa a desejar quando o assunto é batalhas, e sabe adicionar sentimento em cada uma delas. Falando do character design em geral, tenho que confessar que o formato da boca das personagens me irritou de início. Tem um traço desnecessário ali. Mas fora isso, não tenho nada a reclamar nesse quesito.

Existem, é claro, algumas diferenças entre as duas obras (mangá e anime), até porque, como foi dito mais acima, Ga-Rei-Zero narra acontecimentos anteriores aos do mangá. Entre as diferenças mais notáveis, estão os protagonistas e público alvo. Apenas Kagura continua como protagonista do anime, sendo que no mangá, ela divide o papel com o pervertido Kensuke Nimura, tal lugar que passa a ser ocupado por Isayama Yomi no anime. Não é necessário conferir o mangá para obter o entendimento completo do anime, mas, ao término do mesmo, se tornará obrigatório ler o mangá, afinal a curiosidade em saber o verdadeiro destino das duas irmãs falará mais alto.

A obra é, no geral, interessante e surpreendente. Tanto é que é impossível não se surpreender com o primeiro episódio. Esse anime mantém o equilíbrio perfeito entre vários gêneros como drama, comédia, ação, sobrenatural, romance, tragédia e até um pouco de terror para as pessoas com o estômago fraco. Com o seu início explosivo, desenvolvimento impecável e finalização dramática, Ga-Rei-Zero se tornou um dos melhores shows de sua temporada, e foi marcado como uma das melhores estreias de 2008.

3 comentários em “Ga-Rei Zero – Uma história sobre youkais, ou não

  1. Agradeço pelo review, me animou a assistir o anime.

  2. Esse anime é incrível! Poucas coisas me fizeram chorar na vida, mas Ga rei Zero conseguiu arrancar-me algumas lágrimas.

  3. me acabei em lágrimas com esse anime, nunca vi um anime tão triste (mas ele é muito bem feito mesmo) ಥ_ಥ

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